Foto: Vera Albuquerque
Por Leandra Migotto Certeza*
Idolatrar, adorar, amar ‘incondicionalmente’. Desde a Grécia Antiga, Rhea, a Grande Mãe dos Deuses sempre foi venerada para simbolizar a entrada da primavera, estação da ‘fartura’, portanto, época obrigatória para dar frutos. Não por coincidência, a ‘função’ de todas as mães. Depois, na Era Cristã, a imagem da mulher, foi ‘pregada’ (por Maria, a mãe de Jesus) na mente dos seres humanos como a ‘única possível’.
O que dizer então, da criação de uma data para celebrar esta ‘característica inata’, ‘dom Divino’, ‘desejo maior’ que sempre chega quando “bate o relógio biológico” em todo ser feminino (referido somente a ideia Cristã de Eva)?
Nos Estados Unidos, desde 1858, para diminuir a mortalidade de crianças em famílias de trabalhadores da Guerra de Secessão, a ativista Ann Maria Reeves Jarvis, conseguiu uma data para que estas mães se ‘tornarem amigas. Porém, eu acredito que ela nunca poderia imaginar, que sua filha, fizesse do dia 12 de maio de 1907, feriado nacional comemorado até hoje em várias Nações. E depois lutasse para a abolição da data devido à única função de comercialização.
Pena que já era tarde demais… Pois, nada melhor do que uma data específica para reforçar a ideia que toda mulher ‘deve’ se tornar mãe. Esta imposição de se tornar e não ser (que fique bem claro), continua tão forte em pleno século 21. E mesmo aquelas que conseguiram ‘lutar bravamente’ para terem seus filhos (somente um em sua maioria), depois dos 40 ou até 50 anos, sentem-se vigiadas todos os dias, não apenas pela família e amigos, mas também pela religião e, principalmente, pelo capitalismo.
Afinal, o mercado tem o Dia das Mães, como segunda data melhor de vendas, perdendo somente para o Natal (justo o dia do nascimento do ‘maior filho’ do mundo). Portanto, mulheres que abandonassem seus rebentos, os deixassem aos cuidados de outros familiares, ou simplesmente, escolhessem não viver a maternidade seriam para sempre taxadas de desnaturadas, desumanas e até malucas.
Como foi a poeta e escritora norte americana, Sylvia Plath, que mesmo tendo uma filha em 1960, e um filho, em 1962, nunca cumpriu os ‘papéis sociais’ ‘corretamente’, segundo críticos da época. Ao escrever o poema “Criança”, aqui citado, via nas imagens de seus filhos, junto com “O olho claro é a coisa mais bonita em você”, a forte expressão “esse teto Escuro e sem estrela”.
Sylvia Plath
Criança
Poema de Sylvia Plath
Tradução de Rodrigo G. Lopes e Maurício A. Mendonça
“O olho claro é a coisa mais bonita em você.
Quem dera enchê-lo de patos e cores,
Zôo do novo,
Nomes em que você pensa –
Campânula-de-abril, Cachimbo-de-índio,
Pequenino
Caule sem espinhos,
Lago em cujas margens, imagens
Pudessem ser clássicas e imensas
Não esse tenso
Torcer de mãos, esse teto
Escuro e sem estrela”.
Em 1962, após a conturbada separação de um marido que a traíra, Sylvia passou o inverno europeu sozinha com os filhos, em Londres, escrevendo como nunca. Porém, quem diga, que quando se matou, além de depressiva, fosse ‘completamente insana’. Será que esta mesma mulher que também fala sobre o não poder dar à luz, neste outro poema “Mulher estéril”: “Vazia, ecoo até o mínimo passo”, “Casta e cega para o mundo”, teve mesmo cuidado zeloso com seus rebentos na hora de se libertar da prisão que era sua vida?
Mulher estéril
Sylvia Plath
Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
“Vazia, ecôo até o mínimo passo,
Museu sem estátuas, grandioso, com pilares, pórticos, rotundas.
Em meu pátio uma fonte salta e mergulha em si mesma,
Casta e cega para o mundo. Lírios de mármore
Exalam sua palidez feito perfume.
Me imagino com um grande público,
Mãe de uma branca Nike e vários Apolos de olhos nus.
Em vez disso, os mortos me ferem com atenções, nada pode acontecer.
A lua pousa a mão em minha testa,
Pálida e silenciosa como uma enfermeira”.
O que se sabe é que Sylvia, naquele dia, veda completamente o quarto das crianças com toalhas molhadas e roupas, deixando leite e pão perto de suas camas, abre as janelas do quarto, ainda que em meio a uma forte nevasca. Depois, toma uma grande quantidade de narcóticos, deitando logo após a cabeça sobre uma toalha no interior do forno, com o gás ligado, morrendo passado pouco tempo.
Atitude intempestiva e completamente ‘desnaturada’, ou única opção emocional, devido a sua vida bem conturbada pela paixão por Ted Hughes. Afinal, o jovem poeta inglês – que enquanto Sylvia foi impedida de se dedicar exclusivamente ao seu trabalho, escrever – ganhou prêmios e supostamente consolidou sua fama. Porém, no fim dos anos 60 na Europa, qualquer um que gostasse de literatura sabia que Sylvia Plath era uma grande poeta e, se alguém mencionasse o nome de Ted, seria por ele ser “o marido de Sylvia Plath”.
A dúvida que fica é será que o peso da maternidade tenha ‘apagado’ para sempre seu brilho como escritora? Ou a poeta nunca tivesse interesse em falar e cuidar de crianças? Acredito que esta dúvida seja no mínimo estranho, pois em 1950, Sylvia escreveu histórias para crianças. “O livro das camas”, gestado 10 anos antes do nascimento de seus filhos, mas publicado somente após a sua morte, fala da importância de uma total liberdade de criação e pura imaginação infantil.
Nos poemas, as camas extrapola o convencional, “feitas/ para sono, ou horas de repouso”, e satisfaçam os desejos de quem nelas se deitasse: “Uma Cama pra se Pescar,/ uma Cama para Gatos,/ Uma Cama para uma trupe de Acrobatas”. Em “O terno do não-faz-mal”, ela conta sobre um terno que pudesse ser usado pelo protagonista em qualquer ocasião, para andar de bicicleta, para esquiar. Talvez, como a escritora gostaria que seus filhos tivessem sidos: repletos da mais pura e inatingível felicidade plena e infinita. Talvez doce e ingênua idealização…
A mesma idealização (oriunda de padrões machistas da época), tanto da vida, do amor, como da maternidade, é possível que tenha tido Susan Rawlings, personagem da autora do conto No Quarto Dezenove, da escritora britânica Doris Lessing (1919-2013), Nobel de Literatura somente em 2007.
Doris Lessing
O Quarto Dezenove
Doris Lessing
“Dentro de dez minutos tenho de telefonar ao Matthew sobre… e às três e meia tenho de sair, indo buscar as crianças mais cedo, pois o carro precisa de ser lavado. E amanhã às dez horas tenho de me lembrar de…”
Ser uma intelectual produtiva, valorizar seu trabalho, e se sentir inteira, não cabia na roupa que Susan Rawlings acabou vestindo, vivendo uma vidinha burguesa de classe média, com três filhos, cachorro, casa com jardim e empregada. Então, ligar o gás e esperar a vida se esvair, exatamente como fez, Sylvia, foi a única forma de se libertar que Susan também encontrou, mesmo depois de passar meses trancada no Quarto 19, local onde encontrava um pouco de paz, nem que fosse por algumas horas diárias.
LIBERDADE! Pois, mesmo que fosse uma fuga, se sentir sozinha entre quatro paredes, pois Susan se obrigava a voltar a viver a pele de uma mulher fiel e obediente que nunca podia sequer gritar com seus filhos, e a ‘passar por cima’ das traições do marido. Mas enquanto estava no Quarto 19 podia TUDO!
PODER, o mesmo sentimento de Susan, foi o que eu senti ao assistir ao monólogo “Quarto 19”, com a estonteante atuação de Amanda Lyra, em um pequeno palco numa noite fria e marcante de 2017.
Parecia que eu havia encomendado a peça para ela, pois algumas falas soavam como minhas na mais profunda reflexão íntima. Exatamente como a autora fez, ao falar que quando leu o texto de Doris Lessing tenha reconhecido sua avó sentada na frente da televisão, no fim do dia de trabalho doméstico, o olhar vazio, o corpo exausto. Eu saí de lá com a vontade engasgada de dizer a todas as mulheres do mundo para assistir aquela peça de teatro.
Pois, creio que seja este sentimento de liberdade, o mais almejado por tantas mulheres hoje, que ainda se sentem sufocadas e aprisionadas em suas próprias mentes, como Maria Cecília Nachtergaele neste poema:
Maria Cecília Nachtergaele
“Alguém comigo”
Maria Cecília Nachtergaele
“Eu procuro alguém para fazer um poema comigo
Tem que ser terno e triste
É essencial que seja triste
E gestos de poeira, muita saudade e medo
os olhos de até logo com jeito de adeus
Tem que ser distraído, sorrir a toa
sempre querer chorar e nunca conseguir
GRITAR ! Outra vontade presente nas mulheres de hoje, e talvez fosse, também o mais pungente e intrínseco desejo da poeta ao dizer: “sempre querer chorar e nunca conseguir”.
Amante do violão e escritora, Maria Cecília, provavelmente, não tenha nascido com a ‘vocação’ para ser MÃE. Dar cabo da própria vida com um tiro no ouvido, aos 22 anos em 1968, talvez tenha sido a única forma que encontrou para dizer ao mundo que estava exausta de dar de mamar e limpar coco várias vezes por dia, cuidado do filho, Matheus Nachtergaele até os 3 meses.
A obra de Maria Cecília ganhou vida ao ser publicada só em 2016, com o título “As Mariposas”. E também foram brilhantemente interpretados no monólogo “Processo de Conscerto do Desejo”, visto por mim, um dia antes da peça “Quarto 19”.
Vendo estas três histórias de mulheres que romperam com o roteiro religioso e machista de suas épocas, penso no que diferencia o suicídio masculino do feminino. Será que a mulher ao se matar trava uma queda de braço com Deus? A ela caberia só e para sempre, a responsabilidade da vida e da proteção, portanto, o seu suicídio é mais agressivo e reverte totalmente a suposta ‘lógica’?
Não sou especialista no assunto, não sou feminista militante, não tenho a experiência da maternidade (nem por meio da gravidez, nem pela adoção); mas sinto que de uma forma ou de outra, a culpa é sempre das mulheres.
Ter ou não ter um ou mais filhos, cuidar ou doar a criança, abandonar, ou simplesmente, escolher e preferir não ser mãe, são atitudes nunca LIVRES! Julgamentos, condenações, crucificações, discriminações, preconceitos e incompreensões ainda estão 100% presentes em todas as culturas e sociedades.
Até mesmo dentro da mente das mulheres que tentaram tomar suas próprias decisões, o martelinho da eterna dúvida, se realmente fizeram a coisa certa, ou se serão taxadas eternamente como ‘imperfeitas’, ‘egoístas’, ‘mesquinhas’, ‘desumanas’, ‘cruéis’, e ‘desnaturadas’, permanecem ferindo suas vidas.
E até mesmo se escolhem o caminho da denúncia de todas estas privações, podem ser usadas por movimentos sociais, veneradas e idolatradas. Como aconteceu com Doris Lessing ao ser rotulada de representante maior do feminismo da sua época. A mais este papel que se sentia ‘obrigada’ a cumprir, a escritora afirmou ao The New York Times em 1982:
“O que as feministas pretendem de mim é algo que ainda não alcançaram, que apenas pode vir da religião. Querem que eu preste testemunho. O que elas realmente gostariam realmente de me ouvir dizer era: ‘Oh, irmãs, eu estou lado a lado convosco na vossa luta a caminho de um amanhecer dourado onde todos esses homens brutais não existirão mais. ‘Será que querem que as pessoas façam declarações simplistas acerca de homens e mulheres? De facto, querem! Com grande pena minha cheguei a esta conclusão”.
O que dizer então, de uma mulher com deficiência física? A complexidade impera! Leiam os textos que eu escrevi em diferentes fases da minha vida e reflitam. Tudo o que eu tenho a dizer é que hoje, aos 40 anos, casada, a vontade de ser mãe passou… E como é bom não ter medo de dizer isto aos quatro cantos!
Mas ao mesmo tempo, também não posso afirmar, com todas as letras, que NUNCA sentirei um prazer imenso ao cuidar, zelar e amar seres humanos pelos quais tenho vontade, de forma ímpar e inesperada – na maioria das vezes – quando sou abraçada por afilhados, amiguinhos, órfãos que visito em instituições, ou até mesmo idosos, homens ou mulheres. Pois, para mim, ser MÃE é amar incondicionalmente um ser vivo! E eu isto eu sei fazer muito bem e quero! Como quero!
Foto: Vera Albuquerque
Viva o corpo!
Por Leandra Migotto Certeza*
A mulher é um universo profundo. Começo a mergulhar nela aos 30 anos, quando meus desejos se afloram. Meu corpo sempre foi fraco, intocável. Meus desejos sempre estiveram no mais profundo poço do inatingível. Pecado tocar. Errado querer. Feio. Todos apontam. Todos comentam. Todos olham. Eu nunca pude dizer há que vim. O que sou. O que desejo. O que espero. O que luto. O que preciso mostrar.
Sempre fui tolhida. Sempre fui quebrada. Sempre senti dor. Sempre me senti presa a um corpo infantilizado. A um meio corpo. A uma meia criança-menina-mulher. A algo indefinido.
A busca por uma paz interior é como o pôr do sol que agora é lilás da minha janela. A linha é muito tênue. O medo é maior do que o azul claro que agora toma conta do céu.
Hoje quebro. Mas não o corpo. O que ele realmente é. A massa una entre alma e carne. Entre desejo e pudor. Entre vida e morte. Entre explosão e dor. Entre prazer e abrigo. Entre eu e muitas pessoas que moram em minha alma.
O corpo de uma mulher é múltiplo. É preciso mostrar ao mundo cada pedacinho que pulsa em corpos diferentes. São bocas em cabeças tortas, pernas grossas e curtas, bumbum arrebitado e torto, coxas arredondadas e cheias de ruguinhas infantis, púbis ardendo de tesão, seios pequenos em um tronco pequeno demais.
Não há cintura, não há quadril definido. Não há pernas finas e compridas. Não há balanço dos quadris. Não há andar sensual. Não há mini saia que leva ao mistério escuro como o céu que agora está em minha janela.
Não há uma mulher padronizada, robotizada, perfeita! Não há o esperado. Há outra possibilidade de ser mulher inteira com todos os sentimentos e sentidos que pulsam do corpo de alguém que sempre foi quem é.
Amar e ser amada trouxe força a minha alma para conseguir se libertar do corpo da sociedade que sempre me tole. Da mãe interna que sempre me proibiu de ser eu mesma. Da mãe externa que sempre teve medo de me ver despedaçada.
Leandra Migotto Certeza
Apagaram as luzes do meu ventre
Leandra Migotto Certeza
Hoje jogo fora
um ser que poderia ter germinado
e não foi
Sinto a dor
de algo se esvaindo pelas minhas entranhas
Quente, vermelho
Que incha o meu corpo,
mas esvazia minha alma
Não posso germinar e dar a luz
O motivo? Não sei.
E nem me explicaram…
Só apagaram as luzes do meu ventre
e calaram a minha alma
Tenho inveja das barrigas soltas por aí…
E das crianças a chorar e a sorrir.
Grávida de mim mesma
Leandra Migotto Certeza
Eu não posso fazer amor com tanta volúpia, e em posições que sempre sonhei; mas posso ter orgasmos estupendos!
Eu não posso sentir meu corpo mudar, ao abrigar um novo ser em meu ventre, mas posso amar – incondicionalmente – as crianças que habitam e irão habitar o meu coração.
Foto: Vera Albuquerque
Minhas amarras
Por Leandra Migotto Certeza*
Tive um sonho que estava grávida! Sentia fortemente a cabeça do bebê no lado esquerdo da minha barriga. Era como se ela estivesse me dizendo que queria vingar! No sonho comentava com alguém e temia a reação da minha família, caso eu escolhesse continuar a gravidez extremamente arriscada, segundo alguns médicos, mas possível em vários casos iguais ao meu que eu havia visto em reportagens.
Tenho 96 cm, ossos do corpo todo 90% mais fracos do que de todas as mulheres. Minha barriga é do tamanho de uma pessoa com nanismo, mas as costelas por serem muito fracas poderiam arrebentar ou sofrer fortes dores no caso de uma gravidez até os 9 meses…. Poderia… Mas também não. Apenas o parto é muito provável que tenha complicações e necessariamente precisaria ser uma cesariana. E durante a gestação eu teria que ficar praticamente imóvel, passando a maior parte do tempo sentada e com dores na coluna. Mas talvez não tivesse tantos problemas assim…
Na verdade não tenho absoluta certeza porque nunca perguntei diretamente a um médico, e nem conversei olho no olho com uma mãe com a mesma condição física que a minha. Só sei que elas escolheram ter o seu bebê. Alguns nasceram com a mesma deficiência, sendo que existe 50% ou mais de probabilidade.
Mas outros não têm nenhuma deficiência genética, mas poderiam ou não adquirir alguma limitação devido a uma doença que só surge depois (e nada tem a haver com a deficiência genética da mãe), ou ficar com alguma sequela de um acidente de carro ou violência com arma de fogo. Então, nascer sem deficiência de uma mãe com deficiência também não seria garantia da suposta perfeição humana que todos os seres humanos acreditam que exista e lutam muito para alcançar.
No sonho eu tinha a opção de abordar mesmo que a gestação estivesse avançada, mas lembro que fiquei muito desnorteada sobre como teria ficado grávida, sendo que eu e meu marido não tínhamos mais relações sexuais com penetração, por causa de problemas com o agravamento da nossa deficiência e as fortes dores nos ossos de ambos. Mas por mais de 5 anos nossa relação sexual foi cheia de muito prazer por meio da penetração também, e o risco de engravidar sempre existiu. Tomei anti-concepcionais por um tempo, e sempre usamos preservativos. Mas o medo pairou sobre minha cabeça durante todas as vezes em que eu me deixava levar por puros momentos de intenso prazer.
No sonho queria saber primeiro o sexo do bebê, antes de tomar qualquer decisão. Suspirei e desejei que fosse uma menininha linda para eu pentear os cabelos… Um dos meus maiores sonhos como suposta mãe… O sonho demorou para passar assim como a gigantesca angústia para decidir o que eu faria com aquela cabeça de bebê empurrando a minha barriga de um lado. Apertava cada vez mais e a culpa só aumentava… Sei que foi um sonho, mas demorou muito para eu conseguir (ou querer) acordar!
E quando fiquei entre o estado de sono e a sonolência de quando despertamos no meio da noite, coloquei a mão na minha barriga para ver se tinha alguma cabecinha de bebê e, infelizmente, não encontrei. Mas lembro que suspirei aliviada, tamanha a sensação de realidade do sonho e do medo de ser mãe pela barriga. Ainda bem que não foi maior do que a vontade que ainda tenho de ser mãe do coração… Quem sabe um dia… Mas antes será preciso vencer todas as amarras e os traumas profundos criados pela minha família, e acreditar que eu posso e tenho total direito de tomar todas as decisões sobre a minha vida.
*Leandra Migotto Certeza – Jornalista por formação, consultora por profissão e escritora por paixão.
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Referências:
Conscerto do desejo:
Quarto 19:
Sylvia Plath: