"O que realmente deve nos atrair como conceito estético é a diversidade, pois a beleza não se resume numa única forma".
Eduardo José Magalhães Martins Junior, o Dudé – músico, professor de canto e vocalista.
Crescer, apaixonar-se, namorar, transar. É o que, geralmente, acontece com as pessoas. Porém, quando no deparamos com alguém que - se locomove em uma cadeira de rodas, não enxerga com os olhos, não se comunica com a fala e a audição, tem uma inteligência diferenciada da maioria das pessoas e/ou não enxerga e ouve ao mesmo tempo - provavelmente não imaginamos que este ser humano possa, naturalmente, sentir desejo e se relacionar sexualmente.
Eduardo José Magalhães Martins Junior, o Dudé – músico, professor de canto e vocalista.
Crescer, apaixonar-se, namorar, transar. É o que, geralmente, acontece com as pessoas. Porém, quando no deparamos com alguém que - se locomove em uma cadeira de rodas, não enxerga com os olhos, não se comunica com a fala e a audição, tem uma inteligência diferenciada da maioria das pessoas e/ou não enxerga e ouve ao mesmo tempo - provavelmente não imaginamos que este ser humano possa, naturalmente, sentir desejo e se relacionar sexualmente.
Erotismo e deficiência são termos que parecem não combinar quando postos lado a lado. Mas combinam! Nós é que não percebemos. Quando uma pessoa com deficiência, diz que mantém relações sexuais, em geral, podemos reagir com desconfiança ou pena. Primeiro, por duvidar que alguém possa sentir atração por ela: é mais provável que esteja se aproveitando ou obtendo alguma vantagem. Segundo, por supor que ela esteja fantasiando ou mentindo. Lamentamos, então, a impotência humana diante das fatalidades que atravessam nossas vidas!
Como o novo sempre nos assusta, procuramos nos vincular ao já conhecido. E, assim, buscamos refúgio nas imagens que a sociedade, geralmente, nos apresenta tanto de sexualidade (sexy é quem exibe um corpo perfeito e simétrico, segundo os padrões de beleza e estética da mídia) quanto das pessoas com deficiência (alguém que erroneamente supomos ser imperfeito, incapaz, frágil, e que não pode fazer parte da sociedade dita ‘normal’).
O resultado é um misto de muita alienação, desinformação e preconceito. Esses sentimentos e reações não requerem julgamento, mas uma revisão à luz de informações que permitam ver além dos estereótipos. A disposição interna para refletir sobre essas posturas e mudar é o primeiro passo no sentido de favorecer a inclusão das pessoas com deficiência.
A disposição de amar inclui a capacidade de acolher, trazer afetuosamente para perto de si o mundo e a vida em suas faces mais plurais. É enriquecedor receber o outro, no caso a pessoa com deficiência, disposto a compreendê-lo dentro de suas circunstâncias. Encarar a sua sexualidade como algo natural, não como um tema obscuro e restrito, ajuda a explicitar o conjunto de significados que a sociedade, geralmente, escreve naquele corpo e libertá-lo desses conteúdos subliminares, que burocratizam, restringem e bloqueiam suas experiências pessoais e afetivas[1].
Para Eduardo José Magalhães Martins Junior (Dudé) “o amor é a base para a vida. É preciso amar sem nos prendermos a dogmas, clichês ou fórmulas. Enxergarmos o amor em sua essência mais simples - lição tão óbvia, mas que teimamos em não enxergar. A estética é apenas uma expressão da beleza! É só o que nos atrai para o corpo. Nele se enquadram tantas variáveis, quanto possamos imaginar. Restringi-lo a um padrão é como resumir um teorema matemático - onde se pretende explicar a complexidade do Universo - numa mera tabuada. Não podemos ser negligentes com a diferença. A maior dádiva do ser humano é a sua complexidade! O que realmente deve nos atrair como conceito estético é a DIVERSIDADE, pois a beleza não se resume a uma única forma!”.
[1] Trechos da quarta-capa (editada por Leandra Migotto Certeza) da obra: “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. Expressão & Arte Editora – Brasil – 2005.