quinta-feira, 26 de junho de 2014

Projeto Fantasias Caleidoscópicas será apresentado no Centro de Pesquisa e Formação do SESC



Foto: Vera Albuquerque


"Eu não posso engravidar, mas tenho o direito de ser mãe tendo uma deficiência física! Eu não posso dançar flamenco e tango, mas tenho o direito de me arrepiar quando vejo os corpos se unirem com a alma, a cada passo dos bailarinos. Queria estar no lugar de quem tem um corpo diferente do meu. Tenho o direito de desejar ser outra pessoa, e como é bom! Não preciso bancar a conformada, aceitar a roupa de heroína (que me colocaram) ou me afundar no poço da depressão. Escolhi o caminho do meio.

Eu não posso fazer amor com tanta volúpia, e em posições que sempre sonhei; mas posso ter orgasmos estupendos! Eu não posso sentir meu corpo mudar, ao abrigar um novo ser em meu ventre, mas posso amar – incondicionalmente – as crianças que habitam e habitarão o meu coração. Eu não posso amamentar um bebê quentinho em meus braços, mas tenho muita seiva escorrendo, pelos fios da minha alma, para alimentar espíritos sedentos." 

Trecho da Crônica: "Grávida de mim mesma" de Leandra Migotto Certeza
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Projeto Fantasias Caleidoscópicas 

É um projeto de pesquisa que busca retratar a imagem (na maioria das vezes, preconceituosa) que a sociedade tem em relação à sexualidade das pessoas com deficiência no Brasil e no mundo, e desmistificá-la por meio de ensaios fotográficos, capacitação educacional, exposição de arte e publicações acessíveis.

Para a fotógrafa Vera Albuquerque, questiona-se, assim, o padrão de beleza – instituído pelos meios de comunicação e pela moral dominante – ressaltando a possibilidade de uma democratização do prazer, uma igualdade de direitos sexuais, uma disposição das mentes (e dos corações) contra os juízos prévios e os preconceitos. 

Para a jornalista Leandra Migotto Certeza, dar voz às imagens é tão importante quanto o registro fotográfico, pois é interessante conhecer as histórias de vida dessas pessoas, que em sua maioria ainda são bem pouco ouvidas. 

O enfoque está na arte e na educação como agentes transformadores da realidade, aliados à palavra, como testemunha dos fastos e detentora de um poder de mudança na sociedade. 

Á convite da – MAM – Movimiento Amplio de Mujeres Línea Fundacional (Peru) e da Associação Internacional para o Estudo da Sexualidade, Cultura e Sociedade, as primeiras nove fotos foram expostas no “6º Congresso Internacional Prazeres Dês-Organizados – Corpos, Direitos e Culturas em Transformação”, em Lima no Peru, em junho de 2007. O embrião do projeto ficou em segundo lugar (categoria pôster) na premiação do congresso.

Em virtude desta premiação, Leandra foi entrevistada pelo Observatório de Sexualidade e Política: um fórum global composto de pesquisadoras/pesquisadores e ativistas de vários países e regiões do mundo. E a convite do Ministério da Saúde brasileiro, o projeto Fantasias Caleidoscópicas também foi apresentado no “I Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência”, em Brasília, em março de 2009 e publicado em livro em 2010. E em virtude deste seminário, a TV Brasil – www.tvbrasil.org.br fez uma reportagem sobre a Sexualidade da Pessoa com Deficiência e entrevistou Leandra Migotto Certeza. A jornalista também realizou uma palestra sobre sexualidade da pessoa com deficiência na Secretaria de Promoção da Cidadania da Prefeitura de São José dos Campos (SP), em 2014, e irá participar de um ciclo de debates sobre o tema no Centro de Pesquisa e Formação do SESC em julho próximo.
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Ciclo "Deficiência e Sexualidade na Contemporaneidade" 

Dias 15 e 19 de Julho no Centro de Pesquisa e Formação do SESC



O senso comum difunde e expressa um estigma sobre a sexualidade das pessoas com deficiência como assexuadas, visão esta, envolta por preconceitos e representações sociais. Ainda é um tema tabu, que pouco se discute e que vem sendo esclarecido apenas nos últimos anos. Nesse sentido, proporcionar o acesso à informação sobre o assunto busca contribuir para a construção das relações sociais.

Esses dois encontros tem a intenção de discutir as questões relativas ao tema, abrindo espaço para debater, conversar e pensar, a partir dos estudos e das reflexões das pessoas com deficiência, que vem trabalhando para construção sociocultural de novas abordagens sobre o assunto.


Dia 15/07 (terça) das 19hs e 30min às 21hs e 30min.

Abordagens de questões contemporâneas relativas à constituição social da experiência da deficiência, à luz dos estudos sobre deficiência de matriz feminista e da teoria Queer/Crip. A abordagem tem como foco as questões de construção do corpo, do gênero e da sexualidade, no sentido de compreender como essas categorias se articulam na manifestação da deficiência como identidade política.

Com Anahi Guedes de Mello, antropóloga e doutoranda em Antropologia Social da UFSC. Pesquisadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades e do Núcleo de Estudos sobre Deficiência (NIGS/NED/UFSC).


Dia 19/07/14 (sábado) das 14hs às 16hs e 30mim. 

Debate de experiências e reflexões sobre o tema da deficiência e sexualidade, discutindo os preconceitos, as representações simbólicas, as dimensões psicossociais e as formas de afirmar a liberdade de exercer a sexualidade. 


Com Fabiano Puhlmann di Girolano, psicoterapeuta especialista em Psicologia Hospitalar da Reabilitação pela USP e em Sexualidade Humana pelo Instituto H. Ellis. Mestre em Inclusão de Pessoas com Deficiências pela Universidade Salamanca, Espanha.



Com Leandra Migotto Certeza, jornalista, palestrante e consultora em Inclusão de Cidadãos com Deficiência e Diversidade, Coordenadora da Caleidoscópio Comunicações - Consultoria em Inclusão e Assessora de Imprensa Voluntária na Associação Brasileira de Síndrome de Williams.



Com Márcia Gori, bacharel em Direito pela UNORP. Escreve na revista Reação - Coluna Mulher, no site Tudo para PcD - Coluna Mulher & Sexualidade e no Blog Inclusão - Coluna Sexualidade.


Haverá tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos dois dias do ciclo. 






INSCRIÇÕES PARA O ENCONTRO: